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Voluntariado que atravessa gerações: história da comunidade se entrelaça com a da Oktoberfest de Igrejinha

Voluntariado que atravessa gerações: história da comunidade se entrelaça com a da Oktoberfest de Igrejinha

No Dia Nacional do Voluntariado, 28 de agosto, presidente e vice da maior festa comunitária do Brasil destacam a força do espírito voluntário na realização do evento, compartilhando suas trajetórias enquanto voluntários

 

Como uma cidade se torna reconhecida pelo seu espirito voluntário e comunitário? Em Igrejinha, cidade gaúcha do Vale do Paranhana, o voluntariado permeia a comunidade desde o surgimento da Oktoberfest de Igrejinha, em 1988. Reconhecida como a maior festa comunitária do Brasil, a Oktober transformou mais de 3 mil pessoas, cerca de 10% da população local, em voluntárias do evento. E o propósito de realizar a Oktober de Igrejinha vai muito além de fazer um evento cultural e movimentar a economia local, já que o resultado financeiro da festa é revertido para diversas entidades da região, contribuindo com mais Saúde, Educação, Segurança e Cultura. Ou seja, trata-se de festa feita pela comunidade e para a comunidade. Até o momento, a Oktober de Igrejinha já repassou mais de R$ 20 milhões para diversas causas.

 

Todas as comissões e diretoria da Associação de Amigos da Oktoberfest de Igrejinha (Amifest), promotora da festa, são compostas por voluntários da comunidade, inclusive a presidência do evento. “É como fazer parte de algo maior do que você mesmo, contribuindo para o bem-estar e a celebração da comunidade”, define Egon Wallauer, presidente da 35ª edição, ao falar sobre o sentimento de ser voluntário neste Dia Nacional do Voluntário, 28 de agosto. Ele ainda lembra que todo esse envolvimento da comunidade com a festa de outubro fez com que Igrejinha fosse decretada a Capital Estadual do Voluntariado pelo Governo do Rio Grande do Sul, em 2019.

 

A trajetória de voluntariado do presidente se entrelaça à própria história da Oktober de Igrejinha. Representante comercial atualmente, Egon já atua como voluntário desde a 1ª Oktoberfest, quando auxiliou na divulgação, venda de souvenirs e escolha das primeiras soberanas. “Acompanhei a sugestão dos idealizadores Lauri Krause, o então prefeito de Igrejinha, e Osvaldo Jungbluth, o presidente da festa, pois trabalhava na Prefeitura, que fez a gestão da 1ª edição”, explica. Desde então, Egon foi voluntário em diversos outros setores: distribuição de chopp e refrigerantes, motorista de ambulância, bilheteria, estandes de alimentação e diretor de abastecimento.

 

Ao mesmo tempo, o vice-presidente da edição deste ano, Falcon Jost, professor, conta que iniciou o trabalho voluntário em 2002, quando ingressou na Associação Cultural Kirchleinburg, se envolvendo nos Jogos Germânicos e nas apresentações culturais durante a Oktoberfest. “Foi uma participação de forma indireta, já que na época não tinha idade para ser cadastrado como voluntário da festa”, relata. Mas o espírito voluntário já fazia parte da vida de Falcon antes mesmo disso, pois os pais, Sérgio e Enira Jost, integravam a equipe de voluntários da festa. Ao completar 18 anos, o atual vice-presidente oficialmente iniciou as atividades voluntárias. Primeiro atuou à frente das atrações culturais do Grupo Kirchleinburg, depois se tornou coordenador da Comissão de Cultura da Amifest e, na sequência, foi diretor financeiro e tesoureiro da associação.

 

Embora as trajetórias sejam diferentes, Egon e Falcon compartilham da gratidão em serem voluntários da maior festa comunitária do Brasil. “Esse sentimento geralmente envolve uma mistura de orgulho, alegria por ajudar os outros e um senso de pertencimento e união com as pessoas ao seu redor. É uma oportunidade de se conectar com diferentes pessoas, culturas e histórias, enquanto se dedica ao serviço e ao espírito de colaboração”, define Egon. “Tenho um sentimento de gratidão e amor, pois poder ajudar a comunidade é algo que me faz sentir bem, levando alegria através da maior festa comunitária do Brasil”, complementa Falcon.

 

Ao falar sobre a rotina do trabalho voluntário, ambos destacam que é preciso equilíbrio para conciliar com a vida profissional e pessoal. “Assumir um posto de diretor ou presidente exige muita disciplina e disponibilidade de horários, pois não somos remunerados e precisamos manter nossa fonte de sustento em dia”, relembra Egon, contando que desde a enchente de maio, devido às demandas de administração das doações, reconstrução do parque e reorganização do evento, praticamente trabalha integralmente para a festa. Falcon reforça que o voluntariado sempre teve um lugar especial em sua organização e rotina. “Sempre dei um ‘jeitinho’ para conciliar com a vida profissional, muitas vezes abrindo mão dos momentos de lazer. Mas com toda certeza a parceria da minha esposa Alana faz com que consiga conciliar tudo”, relata, explicando que todos os dias se envolve com alguma demanda relacionada à festa.

 

Um legado de bondade passado ao longo das décadas

Muito mais que manter viva a cultura germânica entre as gerações atuais e futuras, a Oktober de Igrejinha tem exercido papel fundamental na promoção do espírito comunitário e voluntário entre crianças, jovens, adultos e idosos. As famílias Jost e Wallauer são exemplo disso. Enquanto Falcon herdou esse propósito dos pais, Egon e a esposa Fernanda já contagiaram a filha Marcela, também voluntária, com esse viés da festa. “Dividir com os nossos familiares e amigos os momentos apreensivos, de dificuldades, mas também os mais alegres da festa, faz com que tenhamos uma experiência única”, declara Egon, ressaltando os ensinamentos que o voluntariado trouxe. “Me permite ter mais entendimento da diversidade cultural e respeito às pessoas que dedicam o seu tempo ao próximo”, pontua. Já Falcon, explica que ser voluntário o tornou uma pessoa ainda melhor. “Me faz ser mais resiliente e adaptável às mudanças, além de ser um melhor ouvinte e trabalhar de forma harmônica em equipe”, define.

 

Além de viver o sucesso do evento em outubro, os voluntários têm outra satisfação: ver o resultado financeiro da festa, obtido a partir do trabalho de milhares de mãos voluntárias, se transformando em melhorias para a região e beneficiando toda a comunidade. “Me enche de orgulho poder participar de perto de algo que é referência no Rio Grande do Sul e Brasil, contribuindo na organização de uma festa que busca cultivar as tradições deixadas pelos nossos antepassados e ao mesmo tempo ter o seu resultado revertido, de forma direta, para a comunidade”, avalia Falcon. Egon compartilha desse sentimento positivo. “É gratificante a sensação de cumprir a sua parte diretamente e saber que o resultado faz a diferença na vida de milhares de pessoas, seja fornecendo recursos, melhorando condições ou facilitando acesso a serviços. Além disso, saber que o nosso envolvimento motiva outras pessoas a servirem ao mesmo propósito é mais uma razão que nos impacta”, complementa.

 

Para aqueles que ainda não vivenciaram o espírito voluntário, o presidente e vice deixam um recado: “ajudar ao próximo nunca é demais, pois somos mais felizes quando doamos o nosso tempo em prol de algo maior e das pessoas. Ser voluntário desperta em nós um sentimento de orgulho, saber que fizemos parte de algo tão grande e significativo”, contextualiza Falcon. Egon, por sua vez, complementa que ser voluntário é uma experiência transformadora e enriquecedora. “Permite que você contribua de maneira significativa para causas que são importantes para você e para a comunidade. Você pode fazer a diferença real na vida das pessoas e, ainda, proporcionar para si oportunidades de crescimento pessoal. É uma sensação profunda de propósito e realização”, relata.